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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Crianças Francesas Não Fazem Manha

Terminei de ler esse livro essa semana. Eu confesso que estava achando que ele seria muito caça níquel, mas me surpreendi positivamente. Achei que foi um relato bem sincero da experiência da autora enquanto imigrante na França (os americanos são interessantes, né? Os outros são imigrantes, eles, quando moram em outro país, são expat - expatriados), a diferença que ela percebeu no jeito francês de lidar com as crianças, as críticas dela ao jeito francês e também ao jeito americano de criar filhos, como fazer um balanço do que há de bom nas duas culturas... Gostei bastante. Tem dicas práticas, mas nada de fórmulas mágicas.

Ela falou bastante de Françoise Dolto, famosa psicanalista francesa, nascida em 1908 (fantástica! Precursora de diversas coisas, famosa por seus estudos com bebês e crianças). Agora estou procurando um livro dela para ler (em inglês ou espanhol, porque meu francês não é suficiente para um livro inteiro). Gosto de ir direto na fonte.

Basicamente a concepção francesa é a de que os bebês, vejam vocês, são seres humanos! E por mais óbvio que isso seja (ao menos para mim), parece que até hoje tem gente que enxerga crianças como coisas, animais de estimação, ou mera propriedade. As crianças não são ouvidas, suas necessidades não são levadas a sério, seus pedidos são simplesmente desconsiderados. Não só por muitos pais, como pela sociedade em geral.

Tratar bebês e crianças como os seres humanos que são, não significa, no entanto, que se vá fazer todas as vontades. Os franceses são bem específicos quanto a isso. Ao contrário dos americanos, que hoje vivem uma neurose coletiva na criação de filhos, indo de um extremo ao outro, os franceses entendem que os limites devem ser estabelecidos desde cedo.

O que me deixou mais satisfeita ao ler esse livro foi ver que muito do que eu faço com a noobaby se encaixa no "modo francês de criação de filhos". Mas provavelmente sou uma mãe um pouco mais calorosa, porque a gente não nega a brasilidade. Às vezes eu acho que algumas amigas provavelmente querem me bater quando eu digo que minha filha come bife de fígado e chuchu e gosta, dorme cedo e sem muito protesto (em geral, só colocar no berço, dar boa noite e apagar as luzes). Outras me elogiam e me chamam de super mãe.

Não sou super mãe, só acho que todos os livros que eu li até agora ajudaram a reforçar certos conceitos que eu já tinha imbuídos no meu interior. Eu me esforço, eu insisto, eu sou detalhista, meio neurótica até. Mas dá resultado.

Minha mãe alternou entre extremamente severa e extremamente permissiva comigo e com a minha irmã e isso não foi legal pra nenhuma de nós duas. Sempre achei que limites eram necessários, mas nada de ser carrasco. Outra coisa que sempre tive muito clara é a questão de gritos e agressão física. E acho que essas coisas acontecem porque as pessoas perdem o controle e perdem o controle porque nunca houve muito controle. Porque nunca houve muita ordem na casa, nem na cabeça do pai/mãe sobre como educar os filhos.

Educação é um caminho. Quanto mais claro tu tens na mente o que tu queres dos teus filhos, como tu queres que seja teu relacionamento com eles, mais fácil parece ir conduzindo-os por esse caminho. Não que tudo vá ser perfeito e sem percalços. Acho que esse é o maior problema: as pessoas não insistem, querem fórmulas mágicas para tudo, mas isso não existe. A Fada Madrinha não vai vir encantar seu filho. Mesmo no caso das Encantadoras de Bebês, Super Nannies... em geral, o problema não é a criança: são os pais. Então antes de falar dos seus filhos, olhe-se no espelho e veja como você os trata.