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terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Vou te cagar a pau!"


Quem nunca ouviu essa frase é feliz e não sabe.
Eu ouvi bastante e também apanhei bastante quando era criança.
Em geral, quem apanha quando criança jura que nunca baterá nos próprios filhos, quando (e se) os tiver.
Eu sou uma dessas, totalmente contra o "tapinha educativo". Não acho que tapas são educativos, a não ser que você queira ensinar seu filho a bater também.



Assim como acho que gritos tampouco são educativos.
Li esse livro chamado Nurture Shock, já mencionei aqui. Eles têm um capítulo dedicado à violência, tanto a praticada pelos pais contra as crianças, tanto quanto aquela praticada pelas próprias crianças contra outras crianças ou mesmo adultos.
No livro eles afirmam que 90% dos pais nos Estados Unidos confessam bater nos filhos com certa regularidade. Não posso achar que aqui no Brasil essa estatística seria diferente. Mas bater é tabu, né? Hoje em dia, ao menos. Ninguém bate. Mas quase todo mundo bate.

Eu dava uns tapinhas educativos nas minhas gatas, e eles deixaram elas ainda mais mal educadas. Parei, e o comportamento felino melhorou consideravelmente. Por que eu percebi que eu batia nelas, não pra educá-las realmente, mas simplesmente porque eu ficava com raiva do mal comportamento.
E é exatamente isso que eles dizem no livro: a maioria dos pais bate porque perdeu a paciência, ficou com raiva da criança e precisa extravasar isso. Não tem fim educativo nenhum.
Estudos indicam, também, que bater faz com que as crianças se comportem de maneira pior, e da pra entender o por quê: a criança se sente injustiçada, nem sempre a palmada vem na exata hora do mau comportamento, então a criança acaba não sabendo bem por que apanhou. Bater só deixa pais e filhos com raiva.

Tem gente que defende a tal palmada educativa, criaram até mesmo um protocolo pra isso: bata quando estiver calmo, diga porque está batendo, bata embaixo do chuveiro (sim, eu vi essa, mas ainda não entendi).
Minha filha recém vai fazer 9 meses, eu sei. Ainda vou enfrentar muitos momentos em que ela vai testar minha paciência, mas tenho isso internalizado: minha filha nunca vai tomar um tapa meu e tampouco vou ficar gritando feito louca (como faz a minha vizinha de cima, que chama a criança - é pequena e ainda não tenho certeza se é menino ou menina - de tudo, usando palavrões inclusive).

Para quem precisa de motivos pra não bater, tem até motivos bíblicos, segundo o Dr. Sears, o maior defensor da pater/maternidade com apego (attachment parenting). 

O mais engraçado é ver pais comentando que depois de ler o Nurture Shock começaram a achar a palmada válida porque alguns estudos apontam que ela é educativa quando a comunidade na qual está inserida a criança aceita socialmente que os pais batam nos filhos... affe....

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